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A Vitamina D e sua Grande Importância

Dicas de Saúde, Medicamentos

Nos últimos tempos a venda de Vitamina D cresceu muito. O que me deixou intrigada e curiosa sobre o porque do alto número de prescrições de Vitamina D para as pessoas.

Embora a Vitamina D seja denominada vitamina, conceitualmente se trata de um PRÉ-HORMÔNIO. Juntamente com o paratormônio (PTH), ambos atuam como importantes reguladores da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo.

Algumas informações sobre a Vitamina D

A vitamina D é um secoesteróide produzido na pele a partir do 7-desidrocolesterol, sob a influência da irradiação ultravioleta. É encontrada sob duas formas nutricionais: o Ergocaciferol ou vitamina D₂, derivada dos vegetais e o Colecalciferol ou vitamina D₃, fornecida por fontes animais, sua forma natural, ambas estão presentes na dieta. É classificada como uma Vitamina Lipossolúvel.

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As Fontes de Vitamina D na Dieta são:

  • Óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos (salmão, atum, cavala)
  • Gema de ovo
  • Cogumelos
  • Alimentos derivados do Leite como manteiga e queijos gordurosos

A Fonte de Vitamina D por meio de sua síntese na Pele está representada nesta imagem▼:

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Imagem: Livro de Farmacologia Katzung / Reprodução e Adaptação

As vitaminas D₂ e D₃ exercem efeitos equivalentes no organismo humano diferindo em sua farmacocinética e na afinidade pela proteína de ligação da Vitamina D, a principal proteína de transporte desses compostos no sangue. O ergocalciferol (vitamina D₂) e seus metabólitos ligam-se com menos firmeza do que o colecalciferol (vitamina D₃) a proteína ligadora da vitamina D (DBP).

Quando ingerida, a vitamina D é absorvida no intestino delgado, incorporada a quilomicrons e levada por estes ao fígado. A partir deste momento, o metabolismo é igual ao da vitamina D sintetizada pela pele.

Quando a vitamina D₃ é metabolizada no fígado transforma-se em [25(OH)D₃]. Aproximadamente, 75% da vitamina D circulante é convertida a 25(OH)D em sua primeira passagem pelo fígado. Estudos afirmam que Vitamina D pode gerar por volta de 20 a 25 metabólitos.

O metabólito mais ativo é o calcitriol ou 1,25 diidroxi-vitamina D [1,25(OH)₂D] e é o responsável pela regulação e a manutenção dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo.

Existem estudos que já atribuíram à Vitamina D outras funções benéficas para o organismo, como vamos tratar mais adiante.


Hipovitaminose D

Nas reportagens e em alguns estudos que li, pude perceber que há uma “epidemia” mundial de deficiência de vitamina D, com maior incidência nos países frios. Podendo ser considerado um problema de saúde pública. Segundo a OMS- Organização Mundial de Saúde metade da população mundial tem menos vitamina D do que precisa e o Brasil está inserido nesse cenário.

A hipovitaminose D pode ocasionar o desenvolvimento de diversas doenças, entre elas o retardo no crescimento e o raquitismo nas crianças e a osteomalácia e a osteoporose nos adultos. Fraqueza muscular também pode ocorrer, o que contribui para elevar ainda mais o risco de quedas e de fraturas ósseas em pacientes com baixa massa óssea.

A síntese de vitamina D no corpo humano ocorre através da exposição ao sol, a principal causa de falta de vitamina D no organismo é não tomar sol. Para que o corpo fabrique a dose necessária de vitamina D, deve-se tomar 20 min de sol sem filtro solar em 15% da superfície corporal pelo menos 3 vezes por semana.

Atualmente devido à vida corrida das pessoas, falta de tempo e horário para ficar exposto ao sol o tempo necessário para a fabricação de vitamina D, a suplementação dessa vitamina em pessoas diagnosticadas com hipovitamonose D, tem sido por meio de medicamentos com vitamina D indicados pelo médico.

Veja os fatores de risco para a hipovitaminose D

Pouca exposição à luz UVB

  • Uso excessivo de roupas
  • Países de pouca insolação (alta latitude)
  • Pouca penetração da luz UVB durante o inverno na atmosfera
  • Uso de bloqueadores solares
  • Confinamento em locais onde não há exposição à luz UVB

Diminuição da capacidade de sintetizar vitamina D pela pele

  • Envelhecimento
  • Fototipo(?)
  • Raça amarela

Doenças que alteram o metabolismo da 25-hidroxivitamina D ou 1,25-dixidroxivitamina D

  • Fibrose cística
  • Doenças do trato gastrintestinal
  • Doenças hematológicas
  • Doenças renais
  • Insuficiência cardíaca
  • Imobilização

Em um trabalho realizado na Turquia constatou-se que as mulheres que se vestiam como as ocidentais, deixando partes do corpo expostas ao sol, apresentaram níveis séricos de 25(OH)D aproximadamente duas vezes maior que as mulheres que expunham somente a face e as mãos e aproximadamente cinco vezes maior que as mulheres que não expunham nenhuma parte da pele ao sol.


Como sei se Estou com Deficiência de Vitamina D?

A deficiência de vitamina D se dá por meio de exames de sangue onde é dosado o metabólito 25(OH)D por ser o metabólito mais abundante e o melhor indicador para a avaliação do status de vitamina D,  classificando-se os indivíduos como: deficientes, insuficientes ou suficientes em vitamina D. Considera-se a soma dos metabólitos 25(OH)D₂ e o 25(OH)D₃ para realizar a dosagem do 25(OH)D.

De acordo com a Endocrine Society concentrações séricas:
  • Abaixo de 20 ng/mL (50 nmol/L) → são classificadas como Deficiência
  • Entre 20 e 29 ng/mL (50 e 74 nmol/L) → como Insuficiência
  • Entre 30 e 100 ng/mL (75 e 250 nmol/L) → como Suficiência

Portanto, concentrações séricas de 25(OH)D abaixo de 30 ng/mL (75 nmol/L) são consideradas por muitos como hipovitaminose D.

Recomendação da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM):
  • Para conversão da concentração de 25(OH)D de ng/mL para nmol/L, basta multiplicar pelo fator 2,5.
  • Não está recomendada a mensuração da 25(OH)D para a população geral. A avaliação está recomendada na suspeita de deficiência para indivíduos pertencentes a populações de risco ou naqueles para cuja situação clínica seja relevante. Exemplo de populações de risco:  pacientes com quadro de raquitismo ou osteomalácia, portadores de osteoporose, idosos com história de quedas e fraturas, obesos, grávidas e lactentes, pacientes com síndromes de má-absorção (fibrose cística, doença inflamatória intestinal, doença de Crohn, cirurgia bariátrica), insuficiência renal ou hepática, hiperparatiroidismo, medicações que interfiram no metabolismo da vitamina D (anticonvulsivantes, glicocorticoides, antifúngicos, antirretrovirais, colestiramina, orlistat), doenças granulomatosas e linfomas.

Além disso, é importante ressaltar que toda a condição que limite a exposição solar pode potencialmente causar hipovitaminose D e podem ser acrescentados à lista indivíduos em regime de fotoproteção e usuários de vestimenta religiosa (véu, burca, paramentos, batina).


Como tratar hipovitaminose D em pacientes com risco para deficiência?

Segundo a SBEM  não se indica suplementação generalizada de vitamina D para toda a população. Os benefícios do tratamento com vitamina D são mais evidentes especialmente nas populações com risco para deficiência.

Em nosso meio, a forma mais disponível de vitamina D para tratamento e suplementação é o colecalciferol ou vitamina D3 e este é o metabólito que tem se mostrado mais efetivo. O ergocalciferol ou vitamina D2 também pode ser usado como suplemento, entretanto os estudos mostram que, por sua meia-vida ser um pouco inferior à D3 , a posologia deva ser preferencialmente diária. Além disso, alguns métodos laboratoriais que dosam 25(OH)D reconhecem apenas a 25(OH)D₃ , o que pode trazer problemas no controle dos níveis plasmáticos quando se faz a suplementação com vitamina D₂.

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Imagem: Lista dos Medicamentos com vitamina D3 (colecalciferol) isolada disponíveis no Brasil até o momento (Ano:2014) / Reprodução (1)

As doses para tratamento variam de acordo com o grau de deficiência e com a meta a ser atingida.

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Imagem: Estudo utilizado como Referência Bibliográfica / Reprodução (1)

As fontes de vitamina D são: a exposição solar, a dieta e a suplementação.

Lembrando que a vitamina D em dose excessiva pode causar enjoo, desidratação, prisão de ventre e pode aumentar a quantidade de cálcio (hipercalcemia), elevando a pressão arterial. Pode também gerar pedras nos rins. Portanto! Cuidado, é necessário o acompanhamento de um profissional de saúde habilitado para que você faça a suplementação de vitamina D corretamente.

Os fatores que parecem favorecer a presença de concentrações séricas mais elevadas em nossa população são: idade mais jovem, vida na comunidade, prática de exercícios físicos ao ar livre,  suplementação oral de vitamina D, estação do ano (primavera e verão), residir em cidades litorâneas e ensolaradas e em latitudes mais baixas.


Como Converter as Doses de Vitamina D de UI para mcg

1 micrograma de vitamina D = 40 Unidades Internacionais
1 Unidade Internacional = 0,025 microgramas de Vitamina D

Lembrando que: 1mg=1000mcg

UI→ Unidades Internacionais

mg→ miligrama

mcg/µg→ micrograma

EXEMPLOS:

Para fazer a conversão basta usar uma regra de 3 simples.

1º – Se você está tomando um suplemento que indica 10mcg de vitamina D.

0,025mcg —— 1UI                           x= 10 / 0,025 = 400UI de vitamina D

10mcg ———– x

2º – Um suplemento de 5.000UI/cápsula corresponde a quantos mcg/cápsula.

1 UI ——– 0,025 mcg                    x= 5.000*0,025 = 125mcg de vitamina D por cápsula

5.000 UI ——– x

3º – Um frasco de Vitamina D tem 200UI/gota, quantas mcg por gota.

1 UI ———0,025 mcg                    x= 200*0,025 = 5mcg de vitamina D por gota

200 UI—- x


Benefícios da Vitamina D

Já é sabido que as funções da vitamina D no organismo não se limitam a sua atividade mais conhecida que é a manutenção do níveis séricos de cálcio e ferro. Seus benefícios vão mais além.

Mas temos que tomar muito cuidado quando chamadas sensacionalistas de reportagens que prometem uma “Vitamina Milagrosa”. Todas as vitaminas que conhecemos nos fornecem vantagens em suas doses normais. A maioria delas podem ser conseguida por meio de uma dieta equilibrada. Não acredite em informações que não tenham comprovação científica por meio de estudos sérios e que sejam patrocinados pela indústria farmacêutica.

Existem estudos que correlacionam os efeitos positivos da vitamina D com várias morbidades:

  • Há uma correlação com a suplementação de vitamina D em idosos e o aumento do tônus muscular perdido com a idade avançada.
  • Auxilia na prevenção e tratamento da Hipertensão.  Alguns estudos demonstraram redução nos níveis de pressão arterial sistólica com a suplementação.
  • Auxilia na prevenção e tratamento do Diabetes tipo 2(DM2). No DM2, a vitamina D age reduzindo a resistência insulínica e aumentando a sua secreção, por meio da modulação do processo imune e inflamatório.
  • Pode ajudar a emagrecer. A obesidade está associada com uma maior prevalência de deficiência da vitamina D, interpretada como um sequestro pelo tecido adiposo.
  • Ajuda na prevenção e tratamento de alguns tipos de câncer.
  • Auxilia no tratamento de doenças autoimunes como artrite reumatóide e esclerose múltipla por exemplo. Estudos epidemiológicos sugerem que adultos com altos níveis séricos de vitamina D apresentam um risco menor de desenvolver esclerose múltipla.
  • Melhora a imunidade inata. Uma pesquisa com mulheres na pós-menopausa, que ingeriram 2.000 UI de vitamina D por dia, mostrou uma redução de 90% nas infecções de vias respiratórias superiores, quando comparadas àquelas que ingeriram 400 UI por dia.
  • A vitamina D é um potente inibidos da proliferação dos queratinócitos e pode ser usada com segurança em doenças hiperproliferativas não malignas da pele, como a psoríase.
  • Em crianças com asma, o nível de 25(OH)D parece correlacionar positivamente com o controle da doença e a função pulmonar e negativamente com o uso de corticoides.
  • Melhora a função física e cognitiva em idosos.  A baixa ingestão de vitamina D está associada com um declínio cognitivo, um aumento no risco da doença de Alzheimer e depressão

 


Conclusão

As fontes alimentares de vitamina D são escassas e os seres humanos dependem principalmente da síntese cutânea. A hipovitaminose D é bastante frequente em nosso país. A avaliação laboratorial deve ser realizada por meio da mensuração da 25(OH)D e devem ser considerados indivíduos com risco para deficiência de vitamina D: os idosos, pacientes com osteoporose, histórias de quedas e fraturas, obesos, grávidas e lactentes, pacientes em uso de medicações que interfiram no metabolismo da vitamina D (como glicocorticoides, anticonvulsivantes, antifúngicos), portadores de síndromes de má-absorção, hiperparatiroidismo primário, insuficiência renal ou hepática, doenças granulomatosas e linfomas.

Em nosso meio, a forma mais disponível de vitamina D para tratamento e suplementação é o colecalciferol ou vitamina D3 .

Se você quiser fazer a suplementação de vitamina D deve procurar um profissional de saúde habilitado para que o oriente com relação à quantidade correta de acordo com seus hábitos de vida e alimentares.

Não se auto-medique! Use os medicamentos de forma correta e Cuide da Sua Saúde!


Referências Bibliográficas:

  • KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. 772p.
  • MAEDA, S. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.aem-sbem.com/media/uploads/02_ABEM585_miolo.pdf>. Acesso em 18 jun 2016
  • FURLANETTO, T. Hipovitaminose D em Adultos: Entendendo Melhor a Apresentação de Uma Velha Doença, Porto Alegre, 2004. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39636/000558708.pdf?sequence=1>. Acesso em 18 jun 2016
  • RONCHI, FC, SONAGLI M, RONCHI MGC. Prevalência de Hipovitaminose D em população de consultório médico. Rev. Med. Res., Curitiba, v.14, n.3, p. 173-180, jul./set. 2012., Disponível em: <http://www.crmpr.org.br/publicacoes/cientificas/index.php/revista-do-medico-residente/article/viewFile/264/252>. Acesso em 18 jun 2016
  • https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_D
  • http://cristinasalesmedicinaintegrativa.blogspot.com.br/2013/08/conversao-de-unidades-internacionais.html
  • http://www.istoe.com.br/reportagens/226714_A+PODEROSA+VITAMINA+D

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