A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu 28 de julho como Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, a partir de iniciativa e propostas brasileiras, em maio de 2012. Desde então, o Ministério da Saúde do Brasil cumpre uma séries de metas e ações de prevenção e controle para o combate à doença através de seu Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde.
As hepatites virais são doenças silenciosas que provocam inflamação do fígado e nem sempre apresentam sintomas. No Brasil, são causadas mais comumente pelos vírus A, B, C ou D. Existe ainda o vírus E, com predominância na África e na Ásia. Representam um problema de saúde pública de grande importância, pois é significativo o número de pessoas atingidas e não identificadas. Quando não diagnosticadas, as hepatites virais podem acarretar complicações das formas agudas e crônicas, muitas vezes levando à cirrose ou ao câncer de fígado.
As hepatites B, C e D só podem ser diagnosticadas por meio de exames de sangue específicos para essas hepatites virais.
Para a hepatite A, além do diagnóstico por exame laboratorial, pode-se confirmar o caso pela história da pessoa, investigando se esta entrou em contato com alguém que teve a doença, o que caracteriza vínculo epidemiológico.
É uma doença viral aguda de transmissão fecal-oral, ou seja, pode ser transmitida por contato entre indivíduos, pela água ou por alimentos contaminados, por mãos mal lavadas ou sujas de fezes e por objetos que estejam contaminados pelo vírus.
Geralmente, a infecção é benigna em crianças e mais grave em adultos, mas podem ocorrer formas fulminantes da doença, levando o indivíduo a óbito.
ATENÇÃO!!!
É uma doença sexualmente transmissível, mas também pode ocorrer por meio do compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, colocação de piercing, procedimentos de tatuagem e manicure/ pedicure com materiais não esterilizados, compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados com sangue (escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar), acupuntura, procedimentos médico-odontológicos, transfusão de sangue, hemoderivados e hemodiálise sem as adequadas normas de biossegurança. A transmissão vertical – de mãe para filho − do vírus da hepatite B pode ocorrer durante o parto, pela exposição do recém-nascido ao sangue.
Outros líquidos orgânicos, como sêmen e secreção vaginal, podem constituir-se fonte de infecção.
Ressalta-se que não há evidências de que o aleitamento materno aumente o risco de transmissão da hepatite B da mãe para o bebê. Por isso, a amamentação não está contraindicada em mães portadoras da doença, desde que seu filho receba a vacina e a imunoglobulina, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida.
A transmissão da hepatite C ocorre principalmente pelo sangue.
Indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, quando ainda não era realizada a triagem sorológica, podem ter a doença. Nesse caso, recomenda-se que os indivíduos procurem as Unidades Básicas de Saúde para maiores esclarecimentos.
As outras formas de transmissão são semelhantes às da hepatite B; porém, a via sexual e a vertical são menos frequentes.
Só terão hepatite D aquelas pessoas que já estão infectadas pelo vírus da hepatite B.
Sua transmissão é igual à das hepatites B e C.
No Brasil, essa doença é mais comum na Região Amazônica.
FIQUE LIGADO(A)!!!
Sua transmissão assemelha-se à da hepatite A. É fecal-oral, ocorrendo principalmente pela água e alimentos contaminados, por dejetos humanos e de animais. A sua disseminação está relacionada à infraestrutura de saneamento básico e a aspectos ligados às condições de higiene praticadas.
No Brasil, é uma doença rara, sendo comumente encontrada em países da Ásia e África.
As hepatites virais podem não apresentar sinais e sintomas; porém, quando estes aparecem, podem ser:
Lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos;
Lavar bem, com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus;
Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos e frutos do mar;
Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
Orientar creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene, tal como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios, para não comprometer o lençol d’água que alimenta o poço. Deve-se respeitar, por medidas de segurança, a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca e de 45 metros, para os demais focos de contaminação, como chiqueiros, estábulos, valões de esgoto, galerias de infiltração e outros;
Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto;
Caso haja algum doente com hepatite A em casa, utilizar hipoclorito de sódio ou água sanitária ao lavar o banheiro.
Vacinar-se contra a hepatite B (3 doses);
Usar sempre camisinha nas relações sexuais;
Exigir material esterilizado ou descartável nos consultórios médicos, odontológicos, acupuntura;
Exigir material esterilizado ou descartável nas barbearias e nos salões de manicure/ pedicure. O ideal é que cada pessoa tenha o seu kit de manicure/pedicure, composto de: tesourinha, alicate, cortador de unha, lixa de unha, lixa de pé, empurrador/ espátula, escovinha e toalha;
Exigir material esterilizado ou descartável nos locais de realização de tatuagens e colocação de piercings;
Não compartilhar escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar;
Não compartilhar equipamentos para uso de drogas (agulhas, seringas, cachimbos ou canudos);
Não compartilhar agulhas ou seringas, em outras situações;
Buscar atendimento médico se apresentar qualquer sinal ou sintoma da doença ou em caso de exposição a alguma situação de transmissão das hepatites virais.
Existem vacinas para a prevenção das hepatites A e B.
O Ministério da Saúde oferece vacina contra a hepatite B na rotina das salas de vacina e contra a hepatite A nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Não existe vacina contra a hepatite C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão no domicílio e na comunidade, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos.
A vacina contra a hepatite A não faz parte do calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunização. O encaminhamento, quando indicado, deverá ser feito pelo médico. No entanto, essa vacina está disponível no CRIE nas seguintes situações:
A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança e do adolescente e está disponível para a população de menores de 20 anos de idade, na rotina das salas de vacina do SUS.
A oferta dessa vacina estende-se também a outros grupos em situações de maior vulnerabilidade, independentemente da faixa etária, conforme descrito abaixo:
O esquema da vacina contra a hepatite B é realizado em três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses).
Não existe tratamento específico para as formas agudas das hepatites virais. As causadas pelos vírus A e E podem evoluir para uma recuperação completa. Na maioria dos casos, a doença é autolimitada e de caráter benigno, sendo que a insuficiência hepática aguda grave ocorre em pelo menos 1% dos casos na hepatite A. A hepatite E pode apresentar formas graves, principalmente em gestantes.
O uso de medicações para vômitos e febre deve ser realizado quando pertinente, sendo sempre recomendado pelo médico. Entretanto, faz-se necessária a máxima atenção quanto às medicações utilizadas. Os medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano no fígado.
O repouso é considerado medida adequada. Como norma geral, recomenda-se que seja orientado pelo médico, pois o tempo de repouso depende de exames que mostrem a melhoria do dano no fígado, liberando-se progressivamente o paciente para atividades físicas.
A dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular; porém, seu maior benefício é ser mais agradável para a pessoa que apresenta perda de apetite. De forma prática, recomenda-se que a dieta seja definida em conjunto com a própria pessoa, de acordo com a sua aceitação alimentar. A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses no mínimo e, preferencialmente, por um ano.
Nas hepatites agudas, o acompanhamento clínico é fundamental e os intervalos das consultas devem ser definidos pelo médico.
É importante que, na atenção básica, os profissionais estejam atentos para o diagnóstico, reduzindo, dessa forma, a chance de progressão de hepatite crônica para cirrose ou câncer de fígado.
O diagnóstico precoce, o adequado encaminhamento para a equipe de saúde de referência e a orientação para evitar a transmissão domiciliar e na comunidade contribuem para evitar as formas mais graves e a disseminação da doença.
A decisão para o tratamento depende de análise do estado geral do paciente e de exames específicos, definidos nos serviços de referência, com base em protocolos clínicos publicados em portarias. Os profissionais da atenção básica devem estar atentos para o acompanhamento dos pacientes que são portadores de hepatites B, C ou D no seu território, como forma de controlar a doença, impedir sua transmissão e evitar mortes.
Esta foi a primeira parte do artigo sobre as Hepatites Virais. A segunda parte terá materiais sobre as hepatites virais e a indicação de cursos EAD sobre as Hepatites do Ministério da Saúde do Brasil.
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