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Como os Antimicrobianos são Classificados

Medicamentos

Por que é tão importante aprender sobre os antimicrobianos?

Os antimicrobianos correspondem a uma classe de fármacos que é consumida freqüentemente em hospitais e na comunidade.

São os únicos fármacos que interferem o ambiente hospitalar alterando a ecologia microbiana e não só aos pacientes que os utilizam. Daí sua grande importância.

Conhecer as propriedades e características básicas dos antimicrobianos disponíveis incluindo os princípios gerais sobre o seu uso racional é essencial para uma escolha terapêutica adequada.

O uso racional de antimicrobianos é uma das metas definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o século XXI


» Alguns conceitos importantes segundo TAVARES (2014, p.7)

ANTIBIÓTICOS » são as substâncias químicas produzidas por microrganismos capazes de inibir o crescimento ou destruir bactérias e outros microrganismos.

QUIMIOTERÁPICOS » as substâncias sintetizadas em laboratório ou de origem vegetal que apresentam toxicidade baixa para as células normais do hospedeiro e alta para o agente agressor.

PROBIÓTICOS » são microrganismos benéficos utilizados para melhorar a saúde do homem e de outros animais. Atualmente, os probióticos compreendem os microrganismos inofensivos, que são empregados para ocupar um nicho e, em consequência, excluir um  microrganismo patogênico deste nicho, ou são microrganismos introduzidos no organismo que, por sua bioquímica, beneficiam o hospedeiro.

Como termo mais abrangente, opta-se pelo uso de “antimicrobiano”, pois representa os fármacos que têm a capacidade de inibir o crescimento ou matar micro-organismos causadores de infecções, podendo ser naturais ou sintéticos.

Por último, considerando o micro-organismo alvo do medicamento, os fármacos utilizados no tratamento de infecções podem ser classificados em antibacterianos, antifúngicos ou antivirais


Classificação dos Antimicrobianos

Os Antimicrobianos podem ser classificados considerando seu espectro de ação, o tipo de atividade antimicrobiana, o grupo químico ao qual pertencem e o mecanismo de ação.


Segundo a sua ação, os antimicrobianos antibacterianos são classificados em bactericidas e bacteriostáticos.

  • Bactericidas são aqueles capazes de matar ou lesar irreversivelmente as bactérias.
    • Ex.: Beta-lactâmicos, Aminoglicosídeos, Glicopeptídeos, Quinolonas
  • Bacteriostáticos são os que inibem o crescimento e a reprodução bacteriana sem provocar sua morte imediata, sendo reversível o efeito, uma vez retirada a droga.
    • Ex.: Macrolídeos, Linezolida e Lincosaminas

Considerando mecanismo de ação – As principais Classes de Antimicrobianos INIBEM 4 alvos principais:

  1. Biossíntese da parede celular;
  2. Síntese Protéica;
  3. Biossíntese de ácidos nucléicos (RNA e DNA);
  4. Metabolismo do ácido fólico e alterações na permeabilidade da membrana celular.
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Imagem/Reprodução: Antimicrobianos-Bases Teóricas e Uso Clínico

A imagem acima resume bem os mecanismos de ação dos antimicrobianos e os locais onde atuam.


1. Inibidores da síntese da parede celular bacteriana

  • β-lactâmicos
  • Glicopeptídeos
  • Fosfomicina
  • Bacitracina

 β-lactâmicos

beta-lactamicos
Imagem/ Reprodução: KATZUNG, 2014

»Os membros mais importantes do grupo são os antibióticos β-lactâmicos.

São denominados de acordo com a presença do anel β-lactâmico em sua composição química, que é essencial para sua atividade.

Pertencem a este grupo:

  • Penicilinas
  • Cefalosporinas
  • Carbapenens
  • Monobactans
beta-lactamicos
Imagem publicada no Instagram do FD

 Glicopeptídeos

  • Vancomicina
  • Teicoplanina

O principal representante dos antibióticos glicopeptídeos é a Vancomicina, que é bactericida e inibe a síntese da parede celular. É eficaz principalmente contra bactérias gram-positivas, sendo utilizada para enterococo resistente. Constitui a primeira escolha para tratamento de infecções causadas por Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis resistentes a meticilina.

Recomenda-se monitoria da concentração sérica de vancomicina como estratégia para diminuir a ocorrência de nefrotoxicidade. Outros efeitos adversos incluem risco de tromboflebite e reação sistêmica, caracterizada por prurido, rubor, taquicardia e hipotensão, acometendo face, pescoço e tronco (síndrome do homem do pescoço vermelho), provavelmente intermediada por liberação de histamina.

Embora os glicopeptídeos sejam ativos contra diversos micro-organismos, deve-se restringir seu uso para evitar o aparecimento de resistência, especialmente enterococos resistentes a vancomicina. Dados recentes mostram que S. aureus com resistência intermediária a vancomicina têm sido identificados em todo mundo e em muitos casos estão associados à
falha no tratamento. Os glicopeptídeos não têm atividade contra anaeróbios e micro-organismos gram-negativos.

Teicoplanina, outro representante dos glicopetídeos, administrada por via intramuscular ou intravenosa tem em essência a mesma eficácia que a vancomicina, porém de ação mais prolongada.


2. Inibidores da Síntese de Proteinas

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Imagem/Reprodução: TAVARES, 2014

Esses medicamentos inibem a síntese proteica bacteriana ao se ligarem e interferirem nos ribossomas. A maioria é bacteriostática, porém alguns são bactericidas contra determindaos organismos.

Em virtude do uso excessivo, é comum a resistência à tetraciclina e a macrolídeos.

São representados pelos seguintes medicamentos:

antibioticos
Tabela/Reprodução: TAVARES, 2014

TETRACICLINAS

  • Demeclociclina
  • Doxiciclina
  • Minociclina
  • Tetraciclina

GLICILCICLINAS

  • Tigeciclina » é derivada da minociclina, estruturalmente similar às tetraciclinas, e tem amplo espectro de atividade contra patógenos gram-positivos multirresistentes, alguns  microrganismos gram-negativos e anaeróbios. A tigeciclina é indicada no tratamento de infecções complicadas de pele e tecidos moles, bem como infecções intra-abdominais complicadas.

AMINOGLICOSÍDEOS

  • Amicacina
  • Estreptomicina
  • Neomicina
  • Gentamicina
  • Tobramicina

MACROLÍDEOS/CETOLÍDEOS

  • Azitromicina
  • Claritromicina
  • Eritromicina
  • Telitromicina (Cetolídeo)

ANFENICÓIS

  • Cloranfenicol
  • Tianfenicol

LINCOSAMIDAS

  • Clindamicina
  • Lincomicina

OXAZOLIDINONAS

  • Linezolida

3. Inibidores da biossíntese de ácidos nucléicos (RNA e DNA);

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Imagem/Reprodução: TAVARES, 2014

As primeiras quinolonas foram utilizadas no início dos anos 60, com a introdução do ácido nalidíxico na prática clínica. No início dos anos 80, com o acréscimo de um átomo de flúor na posição 6 do anel quinolônico, surgiram as fluorquinolonas (principal representante: ciprofloxacina), com aumento do espectro, para os bacilos gram-negativos e boa atividade contra alguns cocos gram-positivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococus spp. e anaeróbios.

Inibem a replicação do DNA ao se ligar com a DNA-girase e com a topoisomerase IV.

Didaticamente as quinolonas são classificadas em gerações onde cada geração, em ordem crescente, apresenta especificidade e de espectro, farmacocinética mais favorável e menor indução à resistência bacteriana.


QUINOLONAS – 1 ª Geração

  • Ácido nalidíxico
    • Indicação clínica- Inecções no trato urinário

 FLUOROQUINOLONAS – 2ª Geração

estrutura-quinolonas
A presença do flúor aumenta a atividade inibidora da DNA-girase e a atividade contra os estafilococos.

A maioria destes fármacos é administrada por via oral, mas, alguns destes são também administrados por via parenteral, como o ciprofloxacino e o levofloxacino.

  • Ciprofloxacino
  • Norfloxacino
  • Ofloxacino

 FLUOROQUINOLONAS – 3ª Geração

  • Levofloxacino

 FLUOROQUINOLONAS – 4ª Geração

  • Moxifloxacino
  • Trovafloxacino

4. Metabolismo do ácido fólico e membrana celular.

Os microrganismos também precisam do ácido fólico para crescer ou reproduzir, sintetizando o folato a partir do PABA (ácido p-aminobenzóico), da pteridina e do glutamato. (Enquanto o organismo humano não tem a capacidade de sintetizar o ácido fólico, devendo captar o folato pré-formado na forma de vitamina da dieta). Os antibióticos antagonistas de folato são considerados bacteriostáticos, e, inibem a síntese do ácido fólico, constituindo, principalmente, os seguintes antibióticos: sulfonamidas e trimetoprima.

SULFONAMIDAS

  • Mafenida
  • Sulfadiazina de prata
  • Sulfassalazina
  • Sulfisoxazol

INIBIDORES DA SÍNTESE DO ÁCIDO FOLÍNICO

  • Pirimetamina
  • Trimetoprima

COMBINAÇÃO DE INIBIDORES DA SÍNTESE DE FOLATOS E SUA REDUÇÃO

  • Sulfametoxazol-Trimetoprima
    • Uma combinação sinérgica que bloqueia a produção de ácido fólico e a síntese de ácido folínico.

Outras Classificações dos Antimicrobianos

NITROIMIDAZÓLICOS

Os nitroimidazólicos são drogas de baixo peso molecular com distribuição em quase todos os tecidos e fluidos do organismo, com poder bactericida.

A via de excreção é primariamente renal, não sendo necessária a alteração da dose na insuficiência renal, pois todos os imidazólicos são hemodialisáveis.

Tem espectro de ação contra protozoários e bactérias anaeróbicas. Normalmente, são usados em associações com aminoglicosídeos ou cefalosporinas.

  • Metronidazol
    • O metronidazol foi o primeiro a ser descoberto, possui excelente atividade contra bactérias anaeróbias estritas (cocos gram-positivos, bacilos gram-negativos, bacilos gram-positivos), além de certos protozoários como amebíase, tricomoníase e giardíase.
  •  Nitrofurantoína
    • A nitrofurantoína também é um representante deste grupo; possui efeito  bacteriostático nas doses usualmente utilizadas, com maior ação no pH ácido das vias urinárias. Sabe-se que inibe várias enzimas bacterianas.

ANTI-SÉPTICOS E ANALGÉSICOS DO TRATO URINÁRIO

  • Nitrofurantoína (Macrodantina ®)
    • A nitrofurantoína também é classificada como anti-séptico do trato urinário, apresenta atividade contra uma variedade de microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos que acometem às vias urinárias, com mecanismo de ação provavelmente sobre as flavoproteínas bacterianas podendo causar dano ao DNA das bactérias. Administrada somente por via oral, a nitrofurantoína é mais ativa na urina ácida.
  • Metenamida (Sepurin ®)
    • Utilizada em associação com o ácido ascórbico (para a acidificação da urina) em infecções crônicas das vias urinárias, embora não seja um fármaco útil em infecções agudas do trato urinário. Deve-se evitar o uso prolongado de doses altas de metenamina porque pode provocar a liberação de formaldeído o que irrita a mucosa do trato urinário.
  • Fenazopiridina (Pyridium®)
    • É considerada apenas um analgésico sobre a mucosa do trato urinário, e, pode ser utilizada em associação com a terapia antibacteriana, entretanto, não deve ser administrada por mais de 48 horas, nem deve usada por gestantes. O uso deste fármaco pode provocar coloração vermelha ou alanrajada da urina, assim como manchas da roupa.

Para Complementar o Conteúdo

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Figura/Reprodução: Fischbach e Walsh (2009)

Referências Bibliográficas:
  • ANTIMICROBIANOS – BASES TEÓRICAS E USO CLÍNICO. Conceitos gerais: Bases teóricas e Uso Clínico. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/conceitos.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018.
  • TAVARES, Walter. Antibióticos e quimioterápicos para o clínico. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2014. 746 p.
  • KATZUNG, Bertram G.; , Susan B. Masters E Anthony J. Trevor. Farmacologia básica e clínica. 12 ed. [S.L.]: AMGH Editora Ltda., 2014. 1242 p.
  • FISCHBACH, M. A.; WALSH, C. T.. Antibiotics for Emerging Pathogens. Science, [s.l.], v. 325, n. 5944, p.1089-1093, 27 ago. 2009. American Association for the Advancement of Science (AAAS). http://dx.doi.org/10.1126/science.1176667.
  • ANTIBIÓTICOS, Projeto Farmácia Estabelecimento de Saúde; Fascículo VI/ Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. – São Paulo: CRF SP, 2011. 90 p.; 28 cm. Disponível em: <http://portal.crfsp.org.br/phocadownload/fasciculovi_internet.pdf>
  • COSTA, Hayandra. Antibioticos em mapas mentais: Guia Definitivo: Como Estudar Antibióticos e Nunca Mais Esquecer. 1 ed. [S.L.: s.n.], 2018. 79 p.
  • UNESP. Mecanismos de ação das drogas antimicrobianas. Disponível em: <http://www.ibb.unesp.br/home/departamentos/microbiologiaeimunologia/aula_mec_acao_drogas.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018.

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